Cara Maria João, Sou assistente social e o meu actual trabalho passa precisamente por acompanhar famílias beneficiárias de Rendimento Social de Inserção, desde há 3 anos. Conheço muito bem esse "espírito de bairro social", há muitos anos.
Li as suas palavras e penso que espelham fiel e infelizmente retratos de muitas famílias. Numa época em que tanto se fala de exclusão social, protecção, igualdade, cidadania, justiça social, direitos sociais, etc, existem muitas incongruências...
Sinto-me frustrado profissionalmente por assistir a situações de extrema injustiça. Se ousar agir e fazer cumprir a Lei, recebo ameaças de morte, agressão física e verbal e pior: ameaça da Segurança Social de que não reúno competências e não tenho perfil para a função. Protecção, essa nunca tive nem terei. Não culpo as famílias, mas sim o Estado e mais especificamente a Segurança Social e os Técnicos, que trabalham nos diversos níveis de poder. As famílias, essas são muito competentes, tanto que sabem usufruir do sistema existente durante gerações. Esta medida de "Protecção" (RSI) está desenhada para sustentar muitas pessoas que nada fazem, nunca fizeram e dificilmente farão. Outros (escusamos de referir etnias) fazem venda ambulante descaradamente e não é feito qualquer controlo ou cruzamento de informação entre os serviços. Quando fazemos pedidos de averiguação aos serviços de fiscalização, os mesmos não são devidamente realizados.
E assim vamos continuando a falar de crise e medidas de austeridade. Mas estas apenas afectam aqueles que trabalham, pois outros não sentem qualquer alteração nas suas vidas. Os vales continuam a ser emitidos em dia certo.
Teaching English as a Foreign Language;
Licenciatura em LLM Pt e Ing.
Presidente da IPSS – Know How, Aprender a Brincar, Associação de Solidariedade Social;
Sócia fundadora da Know How Angola –ensino precoce do inglês em Angola (Luanda);
Assessora no Gabinete da Vereadora da Educação e Acção Social na CML;
Representante exclusiva em Portugal dos cursos de inglês para crianças, jovens e executivos no Reino Unido. Pilgrims.
Autora de Crónicas e Artigos: Revista Pais & Filhos,XIS,Semanário,GQ,Expresso“Palavra de Mulher” no suplemento “Vidas” e no DN “Palavras Salgadas”.
Livros:
Mariazinha a Contadora de Historias,Salpicos II e III,
Colecção O Herói Sou Eu,
Que Bicho te mordeu?,
Bons Garfos Más Línguas,
A Minha Mãe é a melhor do Mundo,
Palavra de Mulher,
Olhares sobre a Família,
Mãe que Maravilha!,
Adopta-me,
Acidentes de Percurso,
Virada do Avesso,
Colecção Os 7 irmãos,
Um menino diferente,
Animais à solta.
Cara Maria João,
ResponderEliminarSou assistente social e o meu actual trabalho passa precisamente por acompanhar famílias beneficiárias de Rendimento Social de Inserção, desde há 3 anos. Conheço muito bem esse "espírito de bairro social", há muitos anos.
Li as suas palavras e penso que espelham fiel e infelizmente retratos de muitas famílias. Numa época em que tanto se fala de exclusão social, protecção, igualdade, cidadania, justiça social, direitos sociais, etc, existem muitas incongruências...
Sinto-me frustrado profissionalmente por assistir a situações de extrema injustiça. Se ousar agir e fazer cumprir a Lei, recebo ameaças de morte, agressão física e verbal e pior: ameaça da Segurança Social de que não reúno competências e não tenho perfil para a função. Protecção, essa nunca tive nem terei. Não culpo as famílias, mas sim o Estado e mais especificamente a Segurança Social e os Técnicos, que trabalham nos diversos níveis de poder. As famílias, essas são muito competentes, tanto que sabem usufruir do sistema existente durante gerações. Esta medida de "Protecção" (RSI) está desenhada para sustentar muitas pessoas que nada fazem, nunca fizeram e dificilmente farão. Outros (escusamos de referir etnias) fazem venda ambulante descaradamente e não é feito qualquer controlo ou cruzamento de informação entre os serviços. Quando fazemos pedidos de averiguação aos serviços de fiscalização, os mesmos não são devidamente realizados.
E assim vamos continuando a falar de crise e medidas de austeridade. Mas estas apenas afectam aqueles que trabalham, pois outros não sentem qualquer alteração nas suas vidas. Os vales continuam a ser emitidos em dia certo.
Peço desculpa pelo desabafo.
Obrigado